
O Direito é frequentemente apresentado como um conjunto de normas universais, criadas para garantir a ordem e a justiça na sociedade. No entanto, um olhar mais crítico revela que as leis nem sempre refletem os interesses de todos, mas sim os de grupos que detêm o poder.
Michel Foucault, ao estudar as relações de poder, argumenta que o Direito não é apenas um conjunto de regras neutras, mas sim um instrumento de controle. Ele sugere que as leis servem, muitas vezes, para moldar comportamentos e reforçar hierarquias sociais. Da mesma forma, Antonio Gramsci destaca que a hegemonia de uma classe dominante se manifesta não apenas na economia e na política, mas também na legislação e na cultura.
Se olharmos para a história, fica evidente como o Direito já foi utilizado para manter privilégios. Durante séculos, leis sustentaram regimes de escravidão, segregação racial e discriminação de gênero. Muitas dessas normas foram abolidas, mas ainda hoje há legislações que favorecem determinados grupos em detrimento de outros.
No Brasil, decisões políticas frequentemente influenciam a criação e a modificação de leis de acordo com interesses econômicos e eleitorais. Políticas tributárias, por exemplo, são moldadas de forma a favorecer grandes corporações, enquanto trabalhadores autônomos e pequenos empresários enfrentam tributações pesadas. Além disso, temas como a reforma trabalhista e previdenciária sempre geram debates sobre quem realmente sai beneficiado com essas mudanças.
Refletimos: Se o Direito é uma ferramenta de poder, como garantir que ele atenda aos interesses da sociedade como um todo? É possível que as leis sejam verdadeiramente justas ou sempre refletirão a influência dos grupos que as criam?