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GOVERNABILIDADE E A POLÍTICA MEDIANA DE ARISTÓTELES

Foto do escritor: Luiz OtávioLuiz Otávio

Antes de começarmos a nossa análise sobre governabilidade e a política mediana de Aristóteles, é relevante destacar que esta reflexão se trata da ciência política, que é o estudo e a análise dedicados a compreender o Estado, o governo e as instituições que detenham poder. Uma análise voltada aos sistemas políticos e comportamentos relacionados.


As ciências políticas surgiram com ênfase durante o Iluminismo, por meio de obras de estudiosos como Maquiavel (autor de O Príncipe), Thomas Hobbes (Leviatã) e John Locke (Dois tratados sobre o governo). E, então veio o desejo de demais estudiosos e filósofos a explorar um pouco mais sobre este tema.


A governabilidade refere-se às condições de legalidade de um determinado governo para atentar às transformações necessárias, enquanto que governança está relacionada à capacidade de colocar as condições da governabilidade em ação. Governabilidade e governança dizem respeito à democracia e cidadania, não a projeto de poder.


A capacidade de governabilidade resulta da afinidade de legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade. Vale destacar que sem governabilidade é impossível haver governança.


Por outro lado, a ingovernabilidade é o domínio da desordem, que origina o colapso e degeneração do corpo político. A política tem muito de ação pela influência dos recursos de poder, como: cargos, votos, pessoas, e a disputa neste sentido nem sempre atende a importância da dimensão social.


Entretanto, quando falamos sobre o governo e as pessoas, é importante ressaltar que cada indivíduo agrega seus próprios valores, decorrentes de sua própria virtude.


A virtude é uma ideia que foi muito discutida pelos filósofos gregos da Antiguidade. Ela representa o conjunto ideal de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Esse homem de bem, portanto, seria o homem virtuoso.


Aristóteles valorizava bastante a vontade humana. Ele dizia que a virtude era uma “disposição adquirida de fazer o bem”, e que ela se aperfeiçoa com o hábito, pois mesmo o homem virtuoso poderia buscar a entronização de outros valores.


Aí entra a chamada Mediania Aristotélica. Basicamente Aristóteles considera que os impulsos humanos podem levar o indivíduo a extremos em termos de comportamento, e esses extremos representam o vício (o contrário da virtude). Por outro lado, a virtude estaria no equilíbrio, no controle sobre esses impulsos na busca pelo ideal de equilíbrio.


Conforme a ética aristotélica, o meio-termo deve ser buscado por todas as pessoas como principal caminho para uma vida virtuosa, tanto nas ações como nas paixões humanas, a fim de se equilibrarem os vícios, tanto os decorrentes do excesso como aqueles que resultam da falta.


Na democracia do tipo aristotélica, o povo é soberano. Todavia, existe uma restrição no conceito de liberdade, pois viver como bem entender contraria esse conceito para Aristóteles. As leis são a liberdade, a salvação, pois a partir do momento em que o povo faz o que quer, como se nada fosse impossível, a democracia se torna uma tirania. Viver como bem entender torna a democracia um individualismo, contrário ao que é o bem comum. E por isso há a grande importância da mediania, também, na política.


Podemos concluir que defender nossos próprios valores será sempre uma atitude virtuosa, mas, mais do que isto, a virtude encontra-se na disposição de compreender o todo e se adaptar dentro do equilíbrio social onde o que mais deve ser prevalecido é o interesse do bem comum.

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